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terça-feira, 24 de setembro de 2013

Copa Sul-Americana: Em Xeque

Houve um tempo em que a distância entre o futebol europeu e o sul-americano não era tão grande, especialmente em termos de estrutura e organização. Um tempo já muito distante no passado, onde os europeus temiam os sul-americanos, em termos de clubes até. Mas a medida que o futebol foi evoluindo, e tudo foi mudando, seja pro bem ou pro mal, os europeus foram se adaptando as mudanças, foram muitas vezes encabeçando as mudanças, e sempre se adaptando em organização e estrutura, mas os sul-americanos por outro lado, passaram décadas e décadas "Comendo Mosca" e  quando tentaram acompanhar os passos dos padrões aí já bem definidos pelos europeus, jamais tiveram competência para fazê-lo. E isto fica bem claro no assunto, vergonhoso para o futebol do nosso continente, que quero abordar aqui.

A América do Sul, devido a sua grandeza e importância no futebol, não pode ter somente uma competição continental, portanto não poderia se contentar somente com a Libertadores, teria que ter uma segunda competição continental para atender a demanda de um continente, no futebol, gigante (Sem contar Recopas e Supercopas que são algo a parte), assim como a Europa tinha além da Copa dos Campeões (Atual Liga dos Campeões), a Copa UEFA (Atual Liga Europa), até as mudanças nos nomes das competições foram progresso, com a criação de logomarcas, hino oficial, etc, se adaptando ao futebol moderno. Mas e quanto a América do Sul? Qual é a nossa segunda competição?

Bom, aí entra a diferença entre a competência e organização européia, decorrentes do fato de terem a melhor e mais eficiente confederação do mundo, a UEFA, enquanto nós temos uma das piores e mais corruptas, se não for a PIOR e MAIS corrupta de todas, a Conmebol. Ou seja, quando se deram conta de que precisávamos  de uma segunda competição continental, além de demorarem séculos para se darem conta disto, ainda por cima nem sabiam como organizar algo além da Libertadores, que eles também mal conseguem organizar e praticamente se sustenta por si só, pela tradição. Aí começaram as competições fracassadas, que se apagavam mais rápido que uma paixão adolescente.

Nem sei se houveram outras antes, mas quando eu conheci o esporte, em meados de 1994, haviam duas competições além da Libertadores: A Supercopa da Libertadores e a Copa Conmebol, relativamente recentes na época até, uma criada em 1988 e a outra em 1992, respectivamente. Ambas acabaram extintas de forma melancólica, sem mais interesse algum das torcidas e tampouco dos times, que no caso da Copa Conmebol, sequer aceitavam mais participar, uma se extinguiu em 1997, e a outra em 1999, também respectivamente. Ou seja, nenhuma das duas chegou sequer a 10 anos de duração! Aí a Conmebol investiu pesado em uma nova competição, a Copa Mercosul, com times apenas do dito bloco econômico, o que deixou de fora praticamente metade do continente, isso foi "Resolvido" com a criação de OUTRA competição, a Copa Merconorte, para atender e abrigar os países "Excluídos" da Copa Mercosul. O nível técnico da Copa Mercosul era quase sempre ridículo, despertava interesse apenas pela premiação alta (Pros padrões da Conmebol), e portanto só era levada a sério por times em crise financeira, como ficou bem ilustrado na última final da competição, entre San Lorenzo x Flamengo, na qual os dois times pareciam estar jogando uma final de Libertadores ou de Mundial, mas estavam na verdade jogando pelo prato de comida, afinal, em séria crise financeira e estrutural, ambos os clubes não pagavam salários há meses.

Se a Copa Mercosul já era assim, imagine como era o nível da Copa Merconorte, que, assim como a Mercosul, durou apenas 4 anos (De 1998 a 2001), e finalmente, após mais estes fracassos, a partir de 2002,  finalmente chegamos á Copa Sul-Americana que vemos hoje, mas que, pelo andar da carruagem, logo logo seguirá o mesmo rumo de todas as suas antecessoras já aqui citadas, o processo de decadência da Copa Sul-Americana já se iniciou, um processo de extinção bem similar a todas as outras, especialmente a Copa Conmebol.

O interesse na Copa Sul-Americana jamais foi grande, os times brasileiros, que já haviam boicotado a Copa Mercosul, sequer participaram da primeira edição, e em raras ocasiões até hoje demonstraram algum interesse em disputá-la a sério, o mesmo começou a ocorrer com equipes da Argentina, do Chile, e diante de tanta esnobada, a Conmebol tentou tornar a Sul-Americana mais atraente concedendo ao campeão uma vaga na Libertadores do ano seguinte. Só isto ainda a mantém minimamente viva, mas ainda assim, claramente respirando por aparelhos, pois poucos ainda querem disputá-la, as federações também já perderam o pouco interesse que tinham, e  veja só em que pé está a coisa na edição deste ano: ao invés de Olimpia, Boca Juniors, Grêmio, Corinthians, Nacional, etc, temos brigando pelo título equipes medianas tecnicamente e com pouca ou nenhuma tradição internacional, como Deportivo Pasto, Coritiba, Ponte Preta, Liga de Loja, Itaguí, e se olhar a fase anterior então, a coisa extrapolou com equipes como EL TANQUE SISLEY e INDEPENDIENTE TERÁN.

As poucas equipes realmente importantes e tradicionais internacionalmente que disputam a edição deste ano o fazem devido ao seu baixo nível técnico atual, são equipes em má fase ou até mesmo em franca decadência nos seus próprios países, como Peñarol, Universidad de Chile, Atlético Nacional de Medellin, River Plate, São Paulo, etc. Exceções feitas a Vélez Sarsfield, Libertad, e Universidad Católica apenas, creio eu. E não há mais nem os ilustres convidados da CONCACAF, no caso do México e dos EUA (Pois é, times da América do Norte jogando a Copa SUL-AMERICANA, o tipo de coisa que só a CONMEBOL mesmo é capaz de fazer)

Isso me lembra muito o início do fim de todas as outras competições fracassadas organizadas pela Conmebol na tentativa de ter um equivalente á Copa UEFA/Liga Europa, lembra especialmente o início do fim da Copa Conmebol, e se algo não mudar logo, o que dificilmente ocorrerá, não demora muito a Copa Sul-Americana vai pro saco também, e aí fica a pergunta: O que virá a seguir? Qual será e como será a próxima tentativa de algo que em tese deveria ser simples, básico, mas que nossa condeferação é incapaz de fazer? Ou será que irão desistir desta vez, o que seria ainda mais vergonhoso?

E fica um exemplo claro de porquê há um abismo cada vez maior entre o futebol europeu e o sul-americano, mesmo que tecnicamente o futebol sul-americano sempre tenha sido dominante, ou ao menos, igual ao europeu.